comentário-queixa da "sub-comissão de moradores do Hotel Casa Grande" postado aqui em meu blog, transcrevo-o e em seguida dou minha resposta.
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem
Cara Marilia de Laroche
De antemão, parabenizo-a por sua luta ativista sócio-cultural em estar sempre denunciando em seu blog os descasos que afetam nossa cidade, em particular nosso belo Centro Histórico. Com relação a polêmica levantada acerca do lixo do Hotel Casa Grande, vale lembrar o seguinte: 1) Antes de mais nada, ficar batendo boca pra saber quem tem razão não contribui em nada. Por que não sentar e elaborar uma solução como pessoas civilizadas? 2) Além do que foi citado, de forma generalizada, o HCG também é residência para muita gente: Aqui em sua maioria, residem retirantes do interior, artistas, escritores, estudantes, trabalhadores, estrangeiros de larga temporada, famílias, e outros sem-tetos. 3) Quanto ao lixo poderíamos sair em qualquer lugar do país fotografando os mais diversos tipos de lixos expostos nas calçadas, que iríamos ter um calhamaço book fotográfico jamais visto. Se reparar, na sua foto pode ver que os sacos estão totalmente fechados. Se por acaso algum outro tipo de bicho vem e o viola, o problema é com o dono dos bichos, que por ventura usam a rua para fazerem o n° 1 e o n° 2. Por fim, não é possível que uma coisa tão banal e inanimada, possa ameaçar o direito constitucional e indisponível de muitos em possuir moradia.
Sugestiono a você e ao seu público a assistirem o documentário Lixo Extraordinário. Quem sabe vocês possam ter uma nova visão a respeito da nossa causa.
Att,
Sub-Comissão em favor da permanência dos Moradores do Casa Grande.
Sub-Comissão em favor da permanência dos Moradores do Casa Grande.
Minha resposta:
Obrigada por reconhecer minha luta. Ela não é só minha e não é em causa própria. É por todos nós. Não gosto de responder á anônimos. Eu tenho a coragem de assinar o que eu escrevo. Mas como eu imagino quem você possa ser, eu vou abrir essa exceção. Primeiro: não bati boca. Há cinco anos eu venho pedindo, com toda a educação e “tato”, ao dono do hotel e aos funcionários, com os quais, até então eu sempre mantive uma relação de respeito, que eles não deixem o lixo na calçada o dia inteiro sem necessidade já que o caminhão só passa á noite e que não coloquem o lixo no domingo já que não há coleta nesse dia. E eu não peço somente á eles. Eu venho pedindo, com o maior jeito, á todos os vizinhos que colaborem nesse sentido. Vivemos em uma cidade onde o calor dilata e multiplica as bactérias, onde os transtornos de seis meses de chuvas intensas são muito grandes e muito ligados ao fato do lixo deixado nas calçadas serem arrastados pelas enxurradas, entupindo bueiros e inundando as casas das ruas de baixo. Só que um dia a gente acaba perdendo um pouco a paciência e para que as coisas mudem às vezes é preciso um choque, uma sacudida. Foi o que eu fiz. Dei uma sacudida. Fui tratada de “vagabunda” pra baixo pela dona Eliane. Coitada. Sentar para encontrar uma solução? Claro! Tentei conversar com seu Garden, o dono desse “hotel” e ele se recusou a falar comigo. E a solução, caro anônimo, ela é muito simples: basta que ele compre uma lata de lixo, dessas tamanho família, compre sacos de lixo de 200 litros e coloque a lata á disposição dos “hospedes” no pátio (abandonado) do próprio hotel. À noite, a pessoa responsável colocaria então o lixo pra fora para ser recolhido pelo caminhão da prefeitura. Simples! Quanto custa uma lata de lixo e sacos de 200 litros? Francamente... O que você paga pelo seu quartinho, com certeza , dá para o dono do “hotel” comprar essa lata de lixo. Então, não tente me fazer passar pela pessoa não civilizada dessa história.
Segundo: entendo que você tenha medo de perder sua moradia, já que o "hotel" em que vive deve receber novamente a visita da vigilância sanitária daqui até o dia 30 de setembro. Caro anônimo, não é minha intenção colocar ninguém na rua. Não queira me colocar também como vilã nessa história. A vigilância sanitária vai é proteger você e os demais moradores. Vai é fazer com que o dono desse “hotel” que fatura, muito provavelmente sem notas, arque com suas responabilidades e respeite vocês enquanto “clientes” – que eu saiba, ninguém mora ai de favor – e que ele tenha consciência do próprio imóvel que é propriedade dele mas é uma pérola do patrimônio da cidade. E olha que eu nem mencionei o risco de incêndio que vocês correm permitindo que as motos sejam guardadas na recepção do hotel. Se por acaso gotas de gasolina ou óleo começam a se impregnar nas pedras de cantaria e alguém sem querer deixa cair uma guimba de cigarro... Ai, ai, ai! Lá se vão vidas! E lá se vai um casarão dos tempos coloniais.
Terceiro: o lixo , como você mesmo disse, é um problema crônico de toda cidade, mas é um problema causado por seres humanos e que pode ser solucionado por seres humanos. Basta ter bom senso e vontade de mudar o que há anos vem sendo feito incorretamente. Não acredito que você concorde com a sujeira bem na porta do lugar onde você vive. Na foto o lixo ainda está fechado porque eu o fotografei tão logo foi colocado, mas faço questão de incluir outras fotografias com o lixo do Hotel Casa Grande aberto e transbordando nojentamente pela rua.
Esse lixo, que você chama de “ coisa banal e inanimada” é causador de mortes : por inundação, por contaminação , por intoxicação e por ignorância. Se gatos e cachorros (que são também problemas urbanos ) vêm fuçar em lixos é pura e simplesmente por que o lixo está ali exposto. Não vá também colocar a culpa nos animais.
Leia a constituição antes de citá-la: seu direito á moradia está diretamente relacionado ás condições de higiene em que deve viver. E, meu caro anônimo, você não entendeu a mensagem do documentário sobre a obra do artista Vik Muniz... Ela é de "transformação". Não vejo qual seria a relação entre o lixão de Gramacho e o lixo que eu , e várias outras pessoas na cidade, lutam para impedir que vire "coisa normal" jogada aos ratos e baratas. Talvez o fato de as próprias pessoas a quem o Vik Muniz deu a oportunidade de se relacionarem com a arte (que se pode também fazer com " lixo"), não quererem mais voltar para o lixão de Gramacho. Elas só trabalham lá por que nós produzimos lixo e esse lixo sempre vai parar em algum lugar. Aquelas pessoas, se tivessem outra opção, não estariam lá. Talvez você não tenha outra opção a não ser morar nesse hotel... Enfim.. Assista ao filme novamente e vai ver que , quase todos deixaram o lixão e que nem o lixão existe mais daquela forma. Os que ficaram, ficaram para lutar por condições de trabalho mais dignas. Por que "catadores de material reciclável" são importantes em nossa sociedade. "Eles não catam lixo. Lixo não serve pra nada".
Vejo que você assina em nome de uma "sub-comissão em favor da permanência dos Moradores do Casa Grande”... Não seria melhor vocês criarem uma Comissão de Reivindicações a serem apresentadas e exigidas ao dono desse “hotel”? Se vocês correm risco de ficarem sem teto, não é, em absoluto, por minha causa. Aliás, se o teto do segundo andar desabar novamente...não será , de forma alguma, por minha causa. Tudo que eu, como moradora dessa cidade peço, é justamente que nós, moradores dessa cidade, possamos ter um mínimo de bem estar e que os donos de “negócios” não tratem as pessoas como mercadoria, ou seja, como lixo. Porque você sabe, toda mercadoria um dia vira lixo.
Esse lixo, que você chama de “ coisa banal e inanimada” é causador de mortes : por inundação, por contaminação , por intoxicação e por ignorância. Se gatos e cachorros (que são também problemas urbanos ) vêm fuçar em lixos é pura e simplesmente por que o lixo está ali exposto. Não vá também colocar a culpa nos animais.
Leia a constituição antes de citá-la: seu direito á moradia está diretamente relacionado ás condições de higiene em que deve viver. E, meu caro anônimo, você não entendeu a mensagem do documentário sobre a obra do artista Vik Muniz... Ela é de "transformação". Não vejo qual seria a relação entre o lixão de Gramacho e o lixo que eu , e várias outras pessoas na cidade, lutam para impedir que vire "coisa normal" jogada aos ratos e baratas. Talvez o fato de as próprias pessoas a quem o Vik Muniz deu a oportunidade de se relacionarem com a arte (que se pode também fazer com " lixo"), não quererem mais voltar para o lixão de Gramacho. Elas só trabalham lá por que nós produzimos lixo e esse lixo sempre vai parar em algum lugar. Aquelas pessoas, se tivessem outra opção, não estariam lá. Talvez você não tenha outra opção a não ser morar nesse hotel... Enfim.. Assista ao filme novamente e vai ver que , quase todos deixaram o lixão e que nem o lixão existe mais daquela forma. Os que ficaram, ficaram para lutar por condições de trabalho mais dignas. Por que "catadores de material reciclável" são importantes em nossa sociedade. "Eles não catam lixo. Lixo não serve pra nada".
Vejo que você assina em nome de uma "sub-comissão em favor da permanência dos Moradores do Casa Grande”... Não seria melhor vocês criarem uma Comissão de Reivindicações a serem apresentadas e exigidas ao dono desse “hotel”? Se vocês correm risco de ficarem sem teto, não é, em absoluto, por minha causa. Aliás, se o teto do segundo andar desabar novamente...não será , de forma alguma, por minha causa. Tudo que eu, como moradora dessa cidade peço, é justamente que nós, moradores dessa cidade, possamos ter um mínimo de bem estar e que os donos de “negócios” não tratem as pessoas como mercadoria, ou seja, como lixo. Porque você sabe, toda mercadoria um dia vira lixo.
Dê-se o valor! Dê exemplo! Não é comigo que vocês devem tirar satisfações. É com o “dono do hotel” e com seus “funcionários”.
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