Esperando o ônibus sob o sol escaldante que inunda o abrigo todo quebrado, cinco pessoas conversam sobre os problemas nacionais...
_ A grande crise nos aeroportos do Brasil é uma prova de que existem aviões demais!
_Já estamos, faz tempo, colocando em risco todos os seres humanos e, pior, destruindo a
Terra e o Espaço ao mesmo tempo, jogando querosene na atmosfera.
Terra e o Espaço ao mesmo tempo, jogando querosene na atmosfera.
_A mega crise está prá chegar, pois “o mundo gira em torno do dinheiro” ou, se preferirem,
“o dinheiro faz o mundo girar...”
“o dinheiro faz o mundo girar...”
_ Pra ganhar tempo... e dinheiro... o homem vende todas as suas idéias. Vendeu a da bomba atômica! Vendeu a do avião! Hoje, gente morre alimentando esse comércio do deslocamento pelo ar.
_ A gente fica sem poder falar, tamanhas são as arbitrariedades do “mercado”.
_ Pra mim, “mercado” deveria ficar na esfera do cotidiano. Coisas à distância incomodam.
O bom é ter tudo perto. Não precisamos de tantas marcas e produtos.
O bom é ter tudo perto. Não precisamos de tantas marcas e produtos.
_Necessitamos apenas do essencial. Não temos que destruir a Terra em nome do tal do
“crescimento econômico”!
_ “Coisas grandes... dinossauros... são bonitos, mas não cabem no coração das
megalópoles”...
Com esse devaneio em prosa feito pelo senhor que até então só ouvia a conversa , todos se
olham e se interrogam exclamativos.
_ Coisas grandes? Dinossauros?
_ É um poema lindo de Cynthia Dorneles... Que morena!
_ Poesia... Poesia... O que seria do mundo sem poesia?
_ As usinas empregam gente que sai de casa ás quatro e meia da madrugada pra chegar ao trabalho ás sete,
trabalhar de pé, cheirando pó de serra ou manipulando produtos químicos. Isso lá é
vida? Onde está a poesia?
_ E ainda para ganhar menos de mil reais?
_ E para quê o homem vai à lua? Não seria melhor solucionar todos os nossos
problemas agora aqui na terra mesmo e nunca mais gastar dinheiro com o supérfluo?
_ Mandar tudo para o espaço!
_ Dizer não ao nuclear, não à corrupção!
_ Não à falta de hospitais!
_ Não à violência!
_Não à impunidade!
_ Nã…
_ Olha só... é melhor parar de “viajar”... O ônibus vem vindo ali...
_ E como sempre, tá lotado!
_ E como sempre, tá lotado!
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