segunda-feira, 16 de maio de 2011

Para não dizer que não falei das flores...


A abertura da VI Semana de Teatro do Maranhão aconteceu e, com certeza, vai ficar na história do teatro do Brasil.
Diante de convidados e companhias de todo o país, o Arthur Azevedo foi palco de uma brilhante demonstração de coragem do ator maranhense Eliakim Maia que largou o verbo em cima da fala politicohipóctrita do diretor do Teatro, o Roberto Brandão. Eliakim abriu o caminho para a maioria ali presente que, com a garganta entalada, precisava lavar a alma – já que o teatro já havia sido lavado depois que um otário jogou merda na platéia. Ali estavam muitos descontentes com a falta de incentivos ás artes no estado do Maranhão.
A turma dos Sarney (Bulcão, Nanan Souza, Brandão e companhia) lá no palco parecia temer que um saco de merda fosse lançado na direção deles. O Secretario de Cultura (!) Luiz Bulcão, que já escapou de ser linchado pelas turmas do carnaval e das festas juninas, tentou usar o que aprendeu com o velhaco do Sarney: quis torcer os fatos em proveito próprio, mas não conseguiu. O teatro vaiou com vontade.
O pessoal "de fora" aderiu á manifestação contra a politicalha de migalhas desse bando usurpador (que desde “o golpe”, e há mais de quarenta anos,  se beneficia com verbas estaduais e federais facilitando a vida de “artistas” de conivência) e se deu conta de que o Sarney não é um problema maranhense: Sarney é calamidade nacional. Aplaudiram de pé dizendo que nunca haviam visto um protesto tão veemente em nenhum outro teatro do Brasil e reforçaram o coro com vaias e urros, abismados com a cara de pau dos seis representantes oficiais.
O que era para ser uma cerimônia de abertura virou uma patética exibição de instituições e políticos querendo parecer mecenas das artes no Maranhão. Para dizer que gastaram quinhentos mil reais com a semana de teatro e tudo era de graça para o povo. Como são generosos com o dinheiro público! Para quando a “formação de platéia”? O povo precisa dar valor á arte e deve, sim, pagar, nem que seja um real, para assistir á uma peça de teatro.
Sobre a apresentação que assistimos enfim logo após, só posso dizer que gostei muito, mas não saberia dizer nem o nome da peça nem o nome da atriz: com quinhentos mil reais parece que a organização dessa VI Semana de Teatro não conseguiu ainda imprimir a programação....
Mas os Sarney vão gastar oito milhões do dinheiro do povo para a Beija-Flor, do Rio de Janeiro, falar bem do Maranhão. Esse estado de miséria. Nem dá mais para esconder... Era melhor convidar ninguém... Os caras da trupe de teatro de São Paulo,  sentados á minha frente, comentavam a sujeira, a buraqueira e a decadência das ruas da cidade de São Luis. Vergonha!
Essa semana de Teatro quase nem aconteceu! Só está acontecendo agora porque a classe artística se mobilizou e pressionou a “governadora”.
Mas eis que se ergue lá de cima das galerias o ator Eliakim Maia... Guardem bem esse nome! Jovem, ator, inconformado e talentoso, que levantou a bandeira e ousou enfrentar o poder público de frente e sozinho para defender a sua arte.
Como uma andorinha só não faz verão, quero acreditar em uma grande revoada no Maranhão. Bravo Eliakim! Nota mil! Você viu que não é preciso jogar merda, é com coragem e dignidade que a gente faz um país!
Sobre as flores, as rosas brancas sem espinhos que a direção do teatro lançou sobre a platéia na tentativa de abafar o ato de vandalismo da semana passada... Que pena... as rosas não falam...

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