domingo, 18 de abril de 2010

Para ativar sua memória

"Dois episódios incidentais - a inconfidência de um irmão raivoso e a confissão de um tecnocrata assassino - nos puseram diante da realidade que tínhamos frente a nossos olhos e não víamos.Nos dois casos, o Congresso NAcional se colocou à altura do desafio. Destituimos o Presidente da República, que se deixou enlear numa trama de corrupção da máquina do Estado. Apuram-se as acusações concernentes à Comissão de Orçamento para extirpar do PArlamento aqueles que o desonraram. Sucede, entretanto, que no primeio caso, do enorme escândalo de denúncias envolvendo numerosas pessoas e empresas, resultou apenas o impeachement, votado quase unanimemente. Ficou a cargo da Justiça o julgamento dos implicados, que se arrasta na vaga esperança de que um dia sejam punidos. No segundo caso, é muito de temer que, depois de cassar uns quantos "anões" por falta de decoro parlamentar, se fique nisto. O grave, porém, é que entrou em cena um coro de conivência, clamando pelo cerceamento e pela extição das CPIs. Pode uma Nação viver e prosperar debaixo de tamanhos escândalos e de tão desavergonhada sangria de seus bens? Pode uma Nação formar novas gerações de cidadãos prestantes, debaixo do exemplo de tamanha desfaçatez e impunidade? Diante de fatos de tamanha gravidade, não nos é dado o direito de nos iludirmos sobre a profundidade do desafio que a história nos propõe e nos chama a enfrentar. Não se trata de um grupo de políticos que assaltou o poder e se entregou a desmandos. Não se trata, também, de uma Comissão Orçamentária viciada e viciosa. Esses são sintomas. A Nação Brasileira é que está em risco de deterioração, porque é a própria estrutura do poder que está corrompida e desmoralizada." Não fui eu quem disse. Foi Darcy Ribeiro.

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