domingo, 28 de outubro de 2012

Fui convidada pelo SESC a expor minha instalação 400 ângulos na 7° MostraSESC Guajajara de Artes. A instalação é uma estrutura de madeira com chapas de zinco formando um quadrado de 2 metros com 100 fotografias em cada lado,  tiradas de esquinas da cidade de São Luis. A obra proprõe uma reflexão sobre o papel de cada um de nós na imagem da cidade. Essa obra eu criei para ser apresentada no 3° Salão de Artes da Cidade de São Luis onde ficou exposta durante três meses. Na quinta-feira , dia 25 de outubro , fui com a equipe do SESC desmontar a estrutura no Salão para levá-la para o Terminal de Integração da Praia Grande onde o SESC tem permissão da prefeitura para convidar artistas e expor ARTES VISUAIS em locais públicos, como é o caso desse terminal de ônibus. Terminamos a montagem na sexta-feira á uma hora da tarde. Ficou lindo. A reação dos passantes era gratificante. A reflexão estava sendo feita, diálogo total com o público. 
Fotografei as esquinas em um ângulo que as faz parecer ter olhos , nariz e boca. Algumas lindas e bem cuidadas, outras bem sujas e destruidas, outras sem graça, muitas interessantes. A obra ficou exposta apenas duas horas. Ás três da tarde as fotografias foram arrancadas, sem que o SESC fosse comunicado, sem diálogo, sem piedade, porque é véspera de eleição? Hoje a cidade está elegendo seu prefeito. Minhas esquinas faziam as pessoas reagirem de várias maneiras. Mas todas eram unânimes em criticar a sujeira e o péssimo estado da maioria das 400 esquinas fotografadas. A maioria das pessoas culpava o prefeito pela sujeira e a degradação. Enquanto eu estive lá colocando as fotografias no painel, eu podia fazer as pessoas refletirem sobre o assunto:  o lixo que se via ali na fotografia não foi o prefeito quem jogou. "É verdade... somos nós mesmos" , quem estaciona carros nas calçadas quebrando o meio-fio? " é mesmo, é a própria população" ..acabavam por entender a obra... 
O único que não entendeu foi o Secretário Municipal de Trânsito e Transportes  , responsável pelos Terminais de Integração , que simplesmente mandou arrancar todas as fotos alegando que elas depunham contra o prefeito .  Ato absurdo de censura e falta de bom senso. Era melhor ele não ter feito nada e ficado na dele. Faltou com respeito á arte , ao SESC e á população. 
Se o atual prefeito perder as eleições, não terá sido por causa das minhas fotografias de esquinas. As esquinas são as mesmas desde as eleições passadas.
Tomara que quem for eleito tenha sensibilidade suficiente para entender que "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte".

A Torturada da Beira-Mar


domingo, 21 de outubro de 2012

Algo está errado

Pica-Pau é artista, dos mais radicais. Sóbrio ou drogado e sem grana. Quando bebe é um saco (como todo bêbado, aliás). Seu sonho é tomar uísque sendo entrevistado pelo Jô, para que sua história fique "registrada". De uma eloquência desconcertante, Pica-Pau tem pensamentos gritantes. Se vacilar você chora. Ele chora. Não entende porque a vida deu á ele talento e quase nenhum alento. Pobre, fodido, inconformado, sensível e verdadeiro. Nada que o reconforte. Faltam-lhe disciplina, reconhecimento, aconchego e amor (o próprio e mais principal). Vive do pouco que ganha trabalhando a madeira. O descubro pintor!!! Dos melhores. E na sua pintura como na sua postura percebo o perverso da mais-valia. Esse quadro que ele pinta (lindo!) ali na calçada - com tinta acrílica , para secar rápido - vai ser vendido na esquina por cinquenta reais. Metade vai para o consumo da pedra. A outra metade para os bens essenciais: pão com ovo, mortadela e suquinho em pó que ele quase mistura á água rás. Algo está mesmo muito errado: esse quadro vale mil vezes mais.

domingo, 14 de outubro de 2012

O Maranhão não é mais no Brasil ?

Mais uma vez estou aqui a analisar a "Coluna do Sarney", porque , na verdade, mais uma vez a cara de pau desse "honorável" senhor me deixa pasma. 
Mais uma vez ele começa seu texto citando escritores. Hoje ele atacou de Saulo Ramos, que além do fato de só ter escrito um livro, O Código da Vida, foi ministro da Justiça na era Sarney. Saulo Ramos foi quem escreveu  "Erro Crasso" afirmando que a OAB maranhense, instituição estadual, não teria competência para propor uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que seria julgada pelo Supremo Tribunal Federal para impedir a institucionalização da Fundação José Sarney em Museu da Memória Republicana (que ele defendeu com unhas e dentes) e que, segundo ele, apenas o Conselho Federal da entidade poderia fazê-lo. 
Mais uma vez e, preparem-se, não será a última, Sarney se auto valoriza em sua coluna dominguada. Ele tem que fazer isso, pois seu nome hoje é sinônimo de infâmia. Na "dominguada" dessa manhã ele fala da doação que fez ao povo maranhense do "tesouro que o destino o fez acumular". Ele diz:  "Eu poderia ter feito como os outros presidentes fizeram: vender esse patrimônio e ficar rico. Nunca em minha vida privilegiei a ambição material. Minhas prioridades foram os valores do espírito e o bem público" . Gente, o Museu da República no Rio de Janeiro contradiz o que ele está querendo afirmar. E , gente, ele nem precisaria vender esse monte de tralha para ficar rico, vamos combinar, ele  já é milionário.
E continua: "Assim doei ao povo Maranhense, através do Estado, todo esse tesouro para que dele desfrutem maranhenses e brasileiros". 
Dá para acreditar? O Maranhão não é  mais Brasil ? Ah, claro, pode ser que não mesmo. Vai ver o Sarney já assinou documento se apoderando do Estado e já determinou que fosse um país á parte: o dele. Vai ver que é isso! Temos que ficar de olho, pois tanto o Convento das Mercês, cujo prédio já é tido como pertencente á familia Sarney, quanto o terreno que hoje abriga o galpão onde acontece a feira do Livro, na Praça Maria Aragão, me parecem dois casos evidentes de "grilagem urbana" cometidos pela familia Sarney (em nome do Estado, é claro).  Mas do caso do terreno falaremos em outra oportunidade.  
O caso do Convento das Mercês merece de imediato nossa atenção. Me inquieta o fato de os artistas protestarem contra a mudança de local do Circo da Cidade e não contestarem a utilização do Convento, o dinheiro gasto com mega-shows para se comemorar o aniversário da cidade, o péssimo estado da Escola Modelo, a extinção da galeria Nagy Lajos, a má utilização da Casa do Maranhão, a falta de um transporte decente e seguro entre o cais da Praia Grande , em São Luis, e a cidade de Alcântara. Tanta coisa importante que necessita a população...
 














A quem interessa estudar o acervo doado pelo Sarney, pois se ele mesmo diz que os bens materiais não têm valor. O que deve ser estudada , essa sim, é a personalidade dessa figura dissimulada que entrou na nossa história pela porta dos fundos e hoje se revela doentia na "Coluna do Sarney". 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ainda bem que festa como aquela, só daqui 400 anos

O governo do Estado do Maranhão gastou uma verdadeira fortuna com mega-shows para comemorar os 400 anos da cidade. Mas a cidade não tem sequer uma galeria de Arte. Dessa orgia não ficou nada para São Luis. Nada! Mais uma vez o dinheiro do povo maranhense foi usado para a turma da Roseana Sarney esbaldar-se em festa. Primeiro foi o carnaval no Rio, agora eles tiveram a cara dura de contratar a Osquestra Sinfônica Brasileira ( nada menos !) para servir de bandinha para acompanhar os "cantores" locais. O que se viu, perdoem-me a franqueza,foram os mais medíocres tentando soltar a voz diante de um público enganado que esperava ouvir a OSB tocar Villa Lobos ou Ravel. Ainda bem que "festa igual a esta, só daqui a 400 anos"!