domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pré-Conferência Nacional de Cultura - Setorial Artes Visuais

Fui (polemicamente) "eleita" uma dos três "delegados" da setorial das Artes Visuais para representar a sociedade civil do Maranhão na pré-Conferencia Nacional de Cultura. Li e reli o texto-base que vai nortear a II Conferência Nacional de Cultura que acontecerá em Brasília de 10 á 14 de março e cujo coordenador executivo é Joãozinho Ribeiro Filho, ex-secretário Estadual de Cultura do Estado do Maranhão, por quem tenho, de verdade, "imenso respeito e profunda admiração". O objetivo dessa II Conferencia é: reunir artistas, produtores, gestores, conselheiros, empresários, patrocinadores, pensadores, ativistas culturais e a sociedade civil em geral para: 1-discutir a cultura brasileira nos seus múltiplos aspectos, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões; 2-propor estratégias para: - fortalecer a cultura como centro dinâmico do desenvolvimento sustentável; - universalizar o acesso dos brasileiros á produção e fruição da cultura; - consolidar a participação e controle social na gestão das políticas públicas de cultura; - implantar e acompanhar os Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura e avaliar os resultados obtidos a partir da 1º Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005; - buscar o reencontro da Educação e da Cultura; 3- promover o fundamento de que Direitos Culturais são vitais para o desenvolvimento humano e para a promoção da paz. O conteudo do texto-base me surpreendeu e foi o que me deu novo ânimo para pegar esse avião no dia sete e descer em Brasília com minhas observações, com propostas dos artistas de São Luis com quem pude conversar e minha esperança de que um dia nosso país se torne uma nação pacificada pelas artes. O trabalho que teremos lá em Brasilia vai ser puxado. Nossa missão é: a partir de trocas de informações, redigir um texto que assegure á Cultura Nacional, formação artística , o trabalho no setor das artes (em geral) e que sejam valorizados , respeitados e levados á população com a devida dignificação. Na teoria o texto-base da II Conferência Nacional de Cultura é muito bom. Há muito eu não lia uma proposta assim tão sintonizada com os anseios dos artistas e de gente do meio cultural que desde sempre sonha com um "mundo melhor". É tão óbvia a importância da disseminação das artes, a liberdade de expressão e a riqueza cultural para um país! Nesse texto também muito me admira a atenção especial dada á preocupação com a preservação do planeta. Tão urgente... Sem ele nós simplesmente não existimos. Admira-me que essa preocupação tenha enfim ido parar em um texto-base para um debate á nível nacional e que, aparentemente, só diria respeito á Cultura do país. Admiro-me também encontrar nesse texto-base a afirmação de que os artistas não devem se sujeitar a tornarem-se "fominhas de mercado" e tampouco devem ser obrigados a fazer arte aceptizada. O texto também trata abertamente do papel (muitas vezes nefasto) dos meios de comunicação e dos perigos do "consumismo selvagem". O texto é realmente muito bom. Mas na prática, concretamente, conseguiremos elaborar um texto final que reúna todas as diretrizes para a implantação de normas e dispositivos legais para a aplicação do que for sugerido pelos estados? Conseguiremos ser coerentes, incorruptíveis? A realidade de cada estado será levada em conta? Todo municipio será beneficiado? Conseguiremos resultados efetivos? E o dinheiro das loterias , os 3% previstos para o Fundo Nacional de Cultura? Teremos coragem suficiente para discutir assuntos tabus da cultura nacional? Nossas decisões servirão enfim ao enriquecimento intelectual de nossas futuras gerações? Não vamos voltar de lá com a impressão de que vai tudo acabar em pizza? E prá já? O que fazer? Penso que muitas questões ficarão ainda para uma III Conferência Nacional de Cultura...ou ficarão sem respostas. O que se espera é que cada vez mais Cultura, Educação, Saúde e Meio Ambiente passem a ser considerados itens prioritários dos orçamentos federais, estaduais e municipais do país e que todas as políticas públicas decididas nesta II Conferência sejam postas em prática o mais rápido e desburocraticamente possível em todos os estados e municípios do Brasil. Seria nada mal! Que a política nacional exista para fazer o melhor para o povo. Só para variar um pouquinho... Marilia de Laroche.

Horizonte desatino